Primeiramente, quero deixar claro que o objetivo deste texto não é converter ninguém, a ideia é ajudar pessoas que ainda estão em dúvida a tomarem a melhor decisão para suas vidas. Tem muito conteúdo pró-natalidade na internet, e pouca coisa auxiliando quem ainda está em dúvida, tampouco existem redes de apoio aos que sofrem preconceito por conta desta escolha. Esta lista é absolutamente pessoal, baseada na minha experiência.
Como sou mulher, muitas vezes me questionei: será que a maternidade é realmente um dom nato do sexo feminino? Será que basta nascer mulher para desejar cuidar de uma criança? Por que a sociedade ainda cobra que uma mulher tenha filhos? Até a metade do século passado, a ideia da maternidade como destino de toda mulher até poderia fazer algum sentido, uma vez que era muito difícil evitar uma gravidez indesejada mantendo uma vida sexual ativa naquela época. Mas após o advento da pílula anticoncepcional, a mulher conquistou o direito de decidir se quer ou não ter filhos, então o instinto e o acaso cederam espaço para a racionalidade. Logo, não faz mais nenhum sentido que as pessoas sejam cobradas por algo de foro tão íntimo. A mãe moderna tem tripla jornada – mas não é somente essa sobrecarga que tantas mulheres estão rejeitando. Essa questão ultrapassa a desigualdade de gênero, embora seja imprescindível refletir sobre isso. Mas mesmo que, hipoteticamente, vivêssemos em um mundo paritário, ou mesmo que o pai do meu suposto filho assumisse a maior parte das responsabilidades dos cuidados com a criança, eu ainda não mudaria de ideia. Então, sem mais delongas, vamos aos dez motivos que me levaram a tomar essa decisão.
1) Falta de vocação/ paciência para cuidar de alguém
Paciência nunca foi o meu ponto forte. Eu gosto de crianças, mas, definitivamente, não quero conviver com uma 24 horas por dia. Eu conheço o meu temperamento o suficiente para saber que isso me deixaria bem irritada e frustrada. Eu consigo cuidar bem de gatos e cachorros, mas vamos combinar que não é a mesma coisa, né? Eles podem ficar sozinhos em casa enquanto eu saio para trabalhar ou vou ao supermercado (sem eu ter que responder por abandono de incapaz); se eu for viajar, é só deixá-los em casa e contratar uma pet sitter. O planejamento da minha rotina e das minhas férias não fica comprometido por causa dos meus bichinhos, mas só de pensar em dar banho, levar todo dia para a escola, alimentar, ver lição de casa e colocar um serumaninho pra dormir todos os dias, por sei lá quantos anos, sem direito a folga, férias etc… nossa, já me deu uns 57 tipos de preguiça! Isso que estou considerando uma criança perfeitamente saudável. Quase ninguém cogita que pode ter um filho com alguma necessidade especial, que o fizesse depender de outa pessoa para o resto da vida. Contudo, essas crianças nascem todos os dias e ninguém está livre disso. Além do mais, eu não gosto da ideia de ter alguém dependendo de mim para coisas tão básicas – eu me irrito até quando meu marido não acha a manteiga dentro da geladeira (desculpa, amor, mas eu precisava falar isso aqui)!
2) Filho custa caro
Eu só pus esse item em segundo lugar porque minha condição financeira já teve um peso muito grande nos primórdios da minha decisão (com 23 anos, eu não tinha dinheiro pra nada). E se você pensa em ter filhos, mas nunca se preocupou com essa questão, você precisa considerar que seu custo de vida irá aumentar drasticamente com a chegada de uma criança. Então, é sempre bom estar financeiramente preparado. Contudo, recentemente, eu percebi que dinheiro não faz mais a menor diferença na minha escolha – não porque eu esteja rycah, mas porque realmente dinheiro nenhum no mundo faria eu mudar de ideia, pois não quero ter essa responsabilidade para mim, mesmo ganhando na mega sena, e especialmente se isso acontecesse. Explico: se eu ficasse milionária, eu viajaria o mundo, não viveria presa em um único lugar. Percebe como não cabe uma criança no meu estilo de vida ideal? Obviamente, qualquer pessoa que pague boletos e tenha o mínimo de bom senso não precisa de uma planilha muito elaborada para entender que precisa ter uma condição financeira confortável para conseguir educar uma criança com o mínimo necessário para que ela tenha acesso a oportunidades decentes para se desenvolver intelectual e socialmente, mas se você puser tudo em uma planilha, eu garanto que vai ser algo bem assustador (experiência própria)!
3) Não abro mão da minha liberdade
Quantos relacionamentos que parecia que seriam pra sempre você teve? Os relacionamentos mudam, os sentimentos mudam e a gente muda (ainda bem!). E eu gosto de poder mudar de ideia. Gosto da possibilidade de me arrepender de minhas escolhas e poder abrir mão do convívio com pessoas que não estejam me fazendo bem. Assim como gosto muito do meu atual emprego, mas gosto mais ainda da sensação de liberdade que ele me proporciona – se eu não estiver mais satisfeita, é só pular fora. Paixão, amor, namorado, marido, amizade, trabalho… nada disso precisa durar para sempre se não estiver nos fazendo felizes e nos realizando. Mas com filho o buraco é mais embaixo – e eu não gosto da ideia de ter que assumir um cargo (no caso, o de mãe) do qual eu nunca mais poderei pedir demissão, mesmo que essa função me faça viver frustrada e infeliz. Não sejamos hipócritas: nem toda mãe “padece no paraíso” – algumas padecem no inferno mesmo. Também não quero ficar eternamente vinculada a um homem que geraria um filho comigo, mesmo que ele seguisse sendo o meu melhor amigo até o final das nossas vidas. E, como muito bem colocou a mãe da minha colega no meu segundo texto: “filho é para sempre; casamentos, nem sempre” – e, em situações assim, geralmente quem fica com o filho é a mãe (e eu sou mulher, então: dispenso isso, obrigada!).
Eu gosto demais da minha vida do jeitinho que ela é e não quero abrir mão de nada. Eu amo o som do silêncio (ou até mesmo de um rock alto pra caralho a hora que eu sentir vontade) e do meu merecido descanso após minhas oito horas diárias de trabalho. E, se eu não quiser descansar e preferir ir à academia, ou até mesmo arrumar outro trabalho para aumentar minha renda, eu posso também (por que não?). Afinal, minha única obrigação quando não estou trabalhando é comigo mesma, já que ninguém depende de mim para nada. Poder dormir aos finais de semana até a hora que eu quiser e almoçar no horário que eu bem entender são coisas que me fazem muito feliz. Chegar em casa, me jogar no sofá e ter a barriga esmagada por dois gatos obesos enquanto olho para o nada e não ouço barulho nenhum são coisas que, pra mim, não têm preço. São pequenos prazeres que uma vida sem filhos proporciona e eu gosto de saborear esses momentos.
4) Falta de interesse pelo universo infantil
Eu sempre gostei de crianças, mas nunca fui do tipo que era louca por elas. De modo geral, tirando raras exceções, criança me cansa muito rápido e, por mais que sejam lindas, fofas e engraçadinhas, eu me entendio facilmente com esse universo das brincadeiras e tudo mais. Admiro pra caramba quem tem jogo de cintura para lidar com tanta energia e ainda faz isso tudo com satisfação, deve ser maravilhoso conseguir curtir cada momento, pois crianças são muito adoráveis e divertidas. Mas, essa vida não é pra mim. Eu não sei o que é sentir vontade de viver isso de forma tão intensa a ponto de me transformar em outra pessoa.
5) Medo de me arrepender
Engraçado que passei os últimos 15 anos ouvindo que um dia eu iria me arrepender por não ter tido filhos, mas quanto mais o tempo passa (tenho quase 39 anos), mais certa eu estou de que eu escolhi o melhor para mim. Ao contrário do que muitos sugerem, não tenho medo de me arrepender pela minha decisão. Aliás, eu temo justamente o oposto. Vocês já imaginaram como deve ser a vida de uma pessoa que teve filhos e se arrependeu por isso? Se você acha isso é impossível, eu recomendo o livro Mães arrependidas – uma outra visão da maternidade. Filho não tem como desfazer; é impossível voltar atrás. Mas, vamos imaginar que eu chegue aos 50 e tantos anos, pague a língua e o arrependimento bata. O que me impede de ser mãe? Eu não poderia gerar um filho, mas poderia ser mãe de uma criança que já existe. Aliás, tenho horror à ideia de passar pela gestação e não faço nenhuma questão de ter um filho do meu sangue (não acho que meus genes sejam superiores). E, mesmo que eu desejasse muito cuidar de uma criança (o que, definitivamente, não é o meu caso), eu não imaginaria um outro meio de obtê-la a não ser pela adoção. Mesmo hoje, em idade fértil, esse seria o único meio viável para eu viver a maternidade. Seria essa a minha opção.
6) Medo do parto e das transformações pelas quais meu corpo passaria
Eu não não me sinto nem um pouco constrangido em admitir que tenho pânico só de pensar em gravidez e parto. Ao contrário de tantas mulheres, que sonham em passar por essa experiência e acham isso tudo lindo e fantástico, eu não gosto da ideia de ter outro ser crescendo dentro de mim. A ideia de parir também me causa pavor; inúmeras vezes, eu sonhei que morria durante o trabalho de parto e acordava apavorada. Imaginar isso tudo, pra mim, é um roteiro de filme de terror. Respeito quem discorda e acha isso tudo mágico, mas eu não consigo romantizar esses perrengues.
7) Meus estudos e minha carreira sempre ocuparam um espaço muito importante na minha vida
Aqui é aquela parte em que muitos pensam: “Nossa, que pessoa fria e sem coração”. Eu não sou fria, nem sem coração, mas desde que eu tomei a decisão de não ser mãe, eu aprendi algo primordial para a minha saúde mental: CAGAR para a opinião alheia (então, francamente, não me importo nem um pouco se alguém pensar isso de mim). Eu me realizo com outras conquistas minhas, com as quais talvez a maioria das pessoas não se importe. Nada me trouxe tanta satisfação quanto fazer um mestrado. Para quem tem filhos, pode parecer que minha vida seja triste e vazia, mas eu me considero tão realizada sendo quem eu sou, que não sinto essa necessidade de colocar alguém no mundo para só então me sentir uma mulher completa. Eu já estou feliz e realizada com o que conquistei até aqui – falta só o doutorado. Para mim, é muito mais importante ter uma carreira, uma boa formação acadêmica, ter um trabalho do qual eu goste e me realize profissionalmente, ser independente financeiramente e poder ficar em um relacionamento única e exclusivamente porque ele me faz bem e torna minha vida mais leve e mais feliz – e não porque eu preciso do dinheiro do pai dos meus filhos ou porque as crianças sofreriam demais com uma eventual separação.
8) Sou meio nômade
Eu gosto da possibilidade de poder mudar de ideia e de abrir mão de empregos, cidades etc. Meu maior sonho é me aposentar, vender minha casa, comprar um motorhome e cair no mundo com meu marido, ficando pouco tempo em cada canto. Se eu tivesse filhos, certamente eu me sentiria presa em algum lugar, principalmente considerando que jovens precisam de uma formação e o calendário acadêmico é um tipo de prisão, sim. Sem falar que, se eu tivesse um filho em idade escolar, teria que esquecer as viagens em baixa temporada – e além de ser muito mais caro viajar na alta, eu passo raiva com lugar muito cheio de gente (filas, filas e mais filas)!
9) Ser mãe nunca foi prioridade pra mim
A verdade é esta: eu nunca sonhei em ser mãe. Embora na adolescência eu já tenha cogitado ter filhos, lá no meu íntimo, não lembro de ter esse desejo e nunca senti necessidade de experimentar esse tipo de amor que muitos dizem não existir outro maior. Na verdade, os amores que tenho já me bastam, pois minha vida está repleta de significados – não preciso criar uma “mini Pati” ou um “baby Luiz” para dar sentido à minha existência. E, embora eu ouça desde os 23 anos que uma hora o relógio biológico vai bater, ele nunca bateu. Os 40 anos estão logo ali e eu nem sei o que é isso. Não sei como é olhar para uma criança e “sentir o útero se contorcendo”, nunca tive essa sensação. Quando vejo um bebê, acho a coisinha mais linda, mas não dá vontade de pegar no colo, muito menos de “fazer um pra mim”! Quando eu era criança, eu lembro que, a partir do momento em que eu pude começar a escolher minhas bonecas, eu preferia as brincadeiras com as Barbies a “brincar de casinha”. Fazer de conta que eu cuidava de bebês só foi minha brincadeira preferida quando eu não tinha outras bonecas. Barbies são “bonecas adultas”; assim, eu fantasiava que era aquela mulher poderosa, com um emprego foda e, na minha imaginação, meu marido ficava em casa cuidando dos afazeres domésticos, pois eu já sabia que cuidar de uma casa não me agradava (e raramente tinha espaço para bebês nessa minha novelinha particular).
10) O mundo está uma merda
Não preciso nem explicar muita coisa, né? Além de eu ter a nítida sensação de que a humanidade está involuindo em vários aspectos, temos tantos problemas ambientais que, mesmo que eu desejasse do fundo do coração ter um filho, acho que eu não o traria a este planeta. Afinal, isso também é prova de amor.
E aí, o que você achou disso tudo? Se identificou com algo ou simplesmente não se reconhece em nada do que escrevi? O importante neste processo de escolha é cada um conhecer profundamente seus motivos (para ter ou não ter filhos), e jamais deixar-se levar pelos discursos prontos que circulam por aí. Reflita para que sua decisão seja baseada naquilo que você deseja, e não no que os outros esperam de ti.
Muito pertinentes suas razões. Identifico-me com várias delas, mas a principal é a terceira: não abro mão da minha liberdade. E foi com essa liberdade que pude decidir não ser mãe. Sem arrependimentos. E com tranquilidade, apesar das muitas incompreensões.
Já alfabetizei durante 11 anos. Amava meus aluninhos. Amei meus sobrinhos quando crianças. Amo meus sobrinhos-netos imensamente. Mas chega uma hora em que dou tiau e ponto. Até a próxima vez, com saudades.
Passar a chave na porta e ir, sem responsabilidade por ninguém que precise de mim. Isso define liberdade.
Parabéns pela coragem em se expor, Pati. Ainda há incompreensões para essa decisão. Mas é genuíno o direito de não querer ser mãe.
Obrigada pelo comentário e pelo feedback! Eu também sou muito bem resolvida com minha opção, mas me inquieta saber que muitas mulheres sofrem com isso. Ouço relatos tristes e já li relatos terríveis de mulheres que sucumbiram à maternidade compulsória por não conseguirem lidar com essa pressão. Então achei que, por elas, valeria a pena me expor.
Eu também não tenho nenhuma vontade de ser mãe já to nos meus 31 para 32 anos e nem namorado eu tenho
Tenho 27 anos e é Exatamente desse jeito que me sinto em tudo. A sociedade enche o saco como se fosse uma obrigação nossa. Eu até evito falar. Mas eu Meu namorado já tínhamos falado sobre isso quando nos conhecemos. Ele vai fazer vasectomia mês que vem. Deus abençoe os casais sem filhos 🙏
Me identifiquei com absolutamente tudo!
Eu descobri que não queria ser mãe quando menstruei pela primeira vez, aos 16 anos! Minha mãe me dizia: “Agora você já é mocinha, se engravidar vai viver em baixo de uma ponte” (orientação zero) aquele sangue, a cólica, o cheiro… chamais passaria uma criança por ali, mais tarde, o pavor que sinto só pensar em me fazerem episiotomia… ou a mutilação da cesariana, intensificou essa escolha! – não tenho vergonha em dizer que tenho medo de seringas ou cortes. E, AMO meu corpitcho! AMO minha liberdade, AMO sair na sexta e voltar só na segunda, pelo simples fato de não ter nem um peixe para dar água, eu posso! AMO a paz e o silêncio, AMO ficar sozinha…
PS: Parabéns, Patricia por criar esse blog, ele é verdadeiro divisor de águas… esse discurso precisa existir…sou sua fã e apoiadora do projeto! conte sempre comigo amiga!
Uau, parece até que eu escrevi esse texto. Concordo com tudo, você conseguiu expressar razões que eu nem sabia conscientemente. Obrigada por criar esse site e as páginas nas redes sociais!
Que bom que você se sente acolhida aqui! <3
Me identifiquei 95% com o texto. Não acho que o mundo está “involuindo”, acho que já foi muito pior em épocas passadas e que temos condições de recuperar o meio-ambiente, há empresas trabalhando para isso, estudos de sustentabilidade, etc, tampouco sou contra outras pessoas terem filhos. Entendo o seu ponto, só tenho uma visão diferente nisso. E sou do time “nem crianças, nem bichos” hahahah….. Todo o resto, concordo completamente e poderia eu ter escrito tudo isso. Não tenho vocação nenhuma, zero afinidade com assuntos infantis, zero vontade de me dedicar a isso integralmente na minha vida, não é uma obrigação, é uma escolha como tantas outras. Eu fui igual com bonecas na infância, a Barbie era minha amig aadulta, não minha filha, eu não gostava de bonecas bebês, nunca sonhei com essa tal maternidade e não vejo nada de romântico nisso, só vejo dores e sofrimento, dos quais quero distância! Tenho 39 anos, amo minha vida exatamente como é, nada falta, sigo buscando outros sonhos que competem contínuo crescimento profissional e continuar conhecendo o mundo, além das relações pessoais que possuo com pessoas de família ou não, que não pedendem de sangue e evoluem por afinidade, não obrigação.
Olá, querida, obrigada pelo comentário! Quando eu digo que o mundo está involuindo, me refiro à sociedade – e a toda essa crítica ao “politicamente correto”, a volta do conservadorismo e a intolerância religiosa, sexual etc. Basta observarmos o aumento da quantidade de gente defendendo ideias conservadoras e preconceituosas ao redor do mundo.
Mas eu também não sou contra os outros terem filhos, não… de forma alguma! Inclusive, sempre procuro deixar muito claro que o Sem Filhos não se trata de um projeto antimaternidade ou contra crianças – aliás, quero mais é que quem quiser ter filhos os tenha mesmo, pois preciso que tenha gente trabalhando daqui a 20 anos pra pagar a minha aposentadoria. Eu sou a favor da LIBERDADE DE ESCOLHA e que as pessoas façam aquilo que traz sentido pra elas. Pra mim também não faz sentido algum ter filho para “completar” minha vida – também sinto que só traria sofrimento, trabalho e angústia.
Seja muito bem-vinda sempre! <3
Menina parece q esse texto foi escrito por mim rs
Eu todinha aí
Só acrescentaria que a vida muitas vezes nos fazem ser mães simplesmente por sermos mulheres eu fui um pouco mãe dos meus irmãos mais novos que ajudei a criar já fui um pouco mãe de namorado , hj sou mãe de pet rs
E não tenho mínima vontade de gerar no meu corpo um filho
Já fui mãe e não gostei das responsabilidades impostas
Devo ser o único homem nos comentários aqui 🙂
Me identifiquei no texto com tudo que cabe ao meu sexo. Algumas coisas não fazem sentido, como transformação no corpo, mas recentemente me dei conta que eu nunca quis ter filhos por todos os outros motivos expostos. Isso foi, na verdade ,algo que familiares tentaram me impor goela abaixo desde pequeno, como um dever/obrigação. Nunca me perguntaram se eu queria ter, só diziam que eu TINHA que ter.
E o maior motivo mesmo para não ter é último.
Acho que a humanidade está em forte involução, e não considero algo ético jogar nesse mundo alguém que nunca pediu para nascer e poderá enfrentar as consequencias dos erros das gerações anteriores sem culpa nenhuma.
Olá. Bom, eu nunca quis ser mãe porém recentemente, na casa dos 20, surgiu uma vontade incrontrolável. Na época eu queria gestar & queria adotar também. Tamanha era minha vontade. Detalhe que eu era casada porém não tinha passado perrengue financeiro e rasteira da vida suficiente pra saber que isso de ser mãe não é brincadeira. Hoje em dia eu tenho uma visão bem mais realista de coisa, sabe? Me pego olhando pras mulheres na rua com seus filhos pequenos e sinto pena, pode ser que elas sejam realizadas com o papel de mães porém mano, que trabalho desgraçado. Não é tipo um gato que morre em 20 anos ou menos ou um hamster que morre em 5 anos, é um filho, é pra vida toda. Você vai ter preocupação até seu último dia de vida. Até quando seu filho estiver independente, você vai se preocupar com ele. Afinal, é seu filho e é isso que as mães fazem, se preocupam e oferecem apoio. Enfim. Fico pensando se teria mesmo se fosse milionária e não, não teria. Trabalho da porra. Recentemente passei por uma experiência que mudou minha percepção: cuidei da minha tia idosa dependente e questionei minha mãe: cuidar de um filho é pior do que isso? Ela ficou sem resposta. Ou seja, pior ou o mesmo nível. Estou com problemas psicológicos pois foi tão péssimo pra mim cuidar dela que tô até na terapia. Já tinha problema psicológico porém ter cuidado dela me privou de sono (ela não dormia, mesma coisa de nenês, pasmem), ela dependia pra banho, pra comer. Imagina eu com um nenê. Cuidar de pessoa me fode psicologicamente. Percebi que isso não é pra mim & que jamais quero passar por isso de novo. Simplesmente traumatizada. Trabalho fodido. Certas experiências vem pra aprendizado e pra abrir a mente. Realzão. Maternidade é pra lascar a mente da mulher. Isso de romantizar é propaganda enganosa.
Como eu queria ter visto isto antes. Como eu me sinto arrependida, como eu tenho saudades dos meus momentos de descanso, nunca imaginei que a maternidade fosse tão horrível. Tenho só um filho de 6 anos e estou enlouquecendo cuidando dele. Cuidar do meu filho está me matando aos poucos.
Me identifiquei com tudo que está escrito aí. E sim, eu teria um filho ou filha de 7 anos, mas eu perdi assim que descobri a gestação e certamente eu precisaria do dinheiro e do tempo do meu ex-namorado e pai do meu filho… então Deus sabe de todas as coisas. Nunca mais engravidei e hoje estou casada com um homem que é pai de uma criança de 6 anos. E ela é um amor, nos damos bem, mas ela mora na casa da mãe, desejo que permaneça assim, eu não me vejo tendo um filho agora. Já pedi ao meu esposo fazer vasectomia e enquanto ele não faz, estou vendo a possibilidade de usar DIU.. vamos ver como será; e eu não gostaria de trazer ngm a esse mundo que está tão difícil e caro para se viver. Vou fazer 31 anos e meu esposo já está com quase 50, idade conta muito também! Amo a casa silenciosa e só curto a parte “boa” com a criança e está ótimo assim!
Sim , são todos os meus pensamentos sobre a questão é que eu tenho só que mim arrependo arrumei a primeira achando que seria uma coisa e mim decepcionei, arrumei o segundo por descuido e hoje vivo sendo julgada mais não consigo mudar meus pensamentos não consigo lidar com uma criança e nem ter a devida paciência mesmo que seja meu filho e isso desgasta até um relacionamento entre um casal . Minha maior prisão é ele e as vezes os julgamentos são tantos que dá vontade sumir . não nasci pra ser mãe
Perfeito este texto! São razões pessoais e intrínsecas, mas que permeiam muitas pessoas, homens e mulheres. Eu nunca quis ter filhos e minha maior questão foi, é e sempre será a LIBERDADE!
Um dia fui questionado por uma namorada acerca de ter ou não filhos e foi a primeira vez que titubiei na resposta e não disse, incisivamente, NÃO. Aquilo mexeu comigo e, querendo descobrir a razão, levei para a terapia e descobri que eu tinha MUITO AFETO a ser doado e ninguém merecedor de 100% dele, salvo se fosse um filho. Resultado: continuo distribuindo afeto à minha parceira, aos meus lindos sobrinhos (são 4) e aos entes queridos. A parte que ainda resta nesta incompletude, invisto em mim, um autoamor que jamais senti antes e que me faz um BEM indescritível!
Parabéns a todas as mulheres que decidem, a contragosto da sociedade, serem donas de si e não se deixarem influenciar pelos costumes. Afinal, as pessoas estão muito ocupadas em nascer e morrer. E a vida é MUITO mais que isso 🙂