Por Alexandre Bezzi
Eu não sou de dizer “nunca” na vida. Pois sabemos que somos metamorfoses vivas e temos o direito de mudarmos de opinião e nos arriscarmos para realizar projetos solo ou em conjunto. Mas uma coisa eu tenho certeza: não quero ser pai.
Por anos, ouço as irritantes indagações: “Você não gosta de crianças?”, “Olha! Você não vai se arrepender?”, “Uma hora seu instinto vai bater!”, “Mas você é estéril?”. Não, não, não e não! É algo que eu decidi desde o início da vida adulta. Eu não serei pai, mas sou um bom tio, na medida do possível – e da minha rotina corrida -, e nunca senti esse chamado da natureza.
Se a pessoa tem esse plano e está disposta a dedicar vida e tempo a um novo ser, eu dou o maior apoio! Se quiser adotar, acho igualmente uma atitude nobre e com o adicional de salvar uma pessoa que poderia ficar abandonada e sem proteção. Conheço casais , mães e pais solteiros, que têm filhos biológicos, adotados e são bons exemplos a serem seguidos por passar valores inestimáveis para seus filhos (que são criaturinhas incríveis, diga-se de passagem).
Eu fico puto da cara com a obrigatoriedade de seguir o roteiro do nasça, cresça, reproduza-se e morra. Parece o filme “Eles Vivem”, do diretor John Carpenter. Somos seres conscientes, certo? Então por que caímos nessa armadilha da matrix, de fazer o que a sociedade decidiu ser o correto? E, na boa? Essas pessoas “de bem” que impõem isso e criminalizam o aborto são as primeiras a virar as costas para crianças abandonadas geradas acidentalmente ou fruto de violência. Enfim, a famosa hipocrisia.
Você não é um fracasso por não ter seu feed com fotos de família, nem por estar solteiro(a). Você não é um ser abominável porque optou um estilo de vida mais sossegado e simples. E claro que já ouvi absurdos do tipo: “quem vai cuidar de você na velhice?”. Então vamos gerar um provável cuidador (a)? Por favor!
E se você se apaixonar por alguém com filhos? Espero que você se dê bem com eles e que siga numa convivência amistosa. Eu costumo ser realista e prefiro sacrificar uma paixão/ amor quando chega esse momento delicado de decidir se vamos ou não aumentar a família. Se o sonho do outro não comporta o seu, tenha coragem, converse, chore, decida – e cada um segue a sua estrada. Se for continuar com contato e amizade, aí é outro papo! Mas o importante é dar a real.
Ser homem é mais do que ter algo no meio das pernas. E se você puder marcar uma vasectomia, faça. Pois é muita sacanagem a mulher se encher de hormônios a vida toda quando nós, homens, passamos por uma microcirurgia tão simples. Na dúvida, use camisinha e fiquem de olho no ciclo menstrual da parceira. Essa responsabilidade é de ambos, não só da mulher.
Se quem é pai ou mãe segue dando carinho, educação e proteção a suas crianças, essas pessoas estão honrando seus papéis de pai e mãe. Eu sigo feliz e como tio mesmo, obrigado. E por favor, parem de fazer essas perguntas constrangedoras a quem tomou essa decisão.