No dia 21 de agosto, a colunista Cristina Graeml escreveu, para a Gazeta do Povo, um texto intitulado Parte dos jovens não quer ter filhos e perde uma das mais ricas experiências humanas. Como se trata de um conteúdo fechado (exclusivo para assinantes), eu demorei um pouco para ter acesso à matéria completa.
Confesso que me surpreendi com as afirmações apresentadas pela jornalista. Como o referido jornal trata-se de um veículo de comunicação tradicional e de grande circulação no estado do Paraná, eu esperava mais originalidade nos argumentos e nas críticas que encontrei. Nada de novo havia naquelas 1600 palavras, a não ser o nome da colunista – que, até então, era uma ilustre desconhecida pra mim. No mais, ela apenas reproduziu “mais do mesmo”: os mesmos achismos, os mesmos preconceitos, os mesmos argumentos desprovidos de reflexão e o mesmo discurso vazio, exatamente igual a tudo que venho ouvindo nos últimos 16 anos.
Este é o primeiro parágrafo do texto:
“Parte dos jovens não quer ter filhos e perde uma das mais ricas experiências humanas. Sem saber, abre mão, inclusive, de se permitir percorrer um belíssimo caminho de evolução pessoal, o que, por si só, provoca mudanças para melhor em toda a humanidade.”
Esse trecho, repleto de generalização e romantização, desconsidera um dado alarmante da nossa sociedade: o de que 5,5 milhões de brasileiros não têm o nome do pai na certidão de nascimento e são criados somente pela mãe (e, às vezes, pelos avós – porque a mãe, sozinha, não tem condições de se dedicar aos cuidados que uma criança demanda). Então, a afirmação de que a experiência de ter filhos provocaria “uma mudança para melhor em toda a sociedade“, além de falsa, é simplista e romântica demais, porque ter filhos não torna nenhum ser humano melhor. O exercício de tornar-se uma pessoa melhor deve ser uma luta diária e constante, independente se tivermos filhos ou não. Além disso, no mundo há pessoas incríveis que nunca tiveram filhos, assim como existem pais e mães que são desprezíveis como seres humanos. Maternidade ou paternidade não tornam ninguém santo ou “superior”, ao contrário do que a Cristina sugere ao longo do texto.
Mas triste mesmo é constatar que alguém tão experiente e premiada no jornalismo escreveu um texto tão antiquado, raso e obsoleto. Cristina repete exatamente as mesmas coisas que ouço há quase duas décadas, de pessoas diferentes, só que desta vez transcritas em um jornal de grande circulação (parece até que ela juntou todo o senso comum existente sobre o assunto e colocou na referida coluna). Isso quer dizer que tem algo de errado aí: quando tratamos de assuntos “tabus” e quem defende uma ideia mostra-se incapaz de pensar por si e com lucidez, demonstra uma característica preocupante da nossa sociedade: a robotização. Vivemos em uma era em que quase não se vê pensamentos e críticas genuínos, os sujeitos estão apenas reproduzindo discursos prontos, isentos de reflexão – sendo que o exercício do pensamento crítico é algo fundamental quando uma mudança profunda como essa ocorre na sociedade.
Essa mecanização do pensamento é reflexo de um fenômeno social que tenho observado ultimamente: está havendo um movimento desesperado, de uma minoria barulhenta da sociedade, em defesa dos valores patriarcais e dos costumes cristão heteronormativos. Textos como os desta senhora surgem como uma tentativa de continiumso à opressão das minorias – aqui, entenda-se por “minorias” as pessoas que não querem ter filhos. E eu já vou demonstrar como ela fez isso, talvez inconscientemente.
“Tirando as exceções de quem foi pai ou mãe sem planejar e não assumiu a responsabilidade, todo mundo que tem filho esforça-se para se tornar uma pessoa melhor, para que o filho tenha bons exemplos.”
Ao estender os resultados da observação de alguns casos ao conjunto dos casos possíveis, a colunista da Gazeta do Povo comete o erro grotesco de fazer uma afirmação vulgar e descabida, sugerindo que é uma minoria da população que tem filhos não planejados e que todo mundo que os gera esforça-se para se tornar uma pessoa melhor (novamente, uma generalização mentirosa – há pais que sequer pagam pensão aos seus filhos). Acredito, contudo, que essas rotulações não são feitas por má fé e sim por falta de compreensão de realidades distópicas. Talvez a partir de leituras contrárias ao seu ponto de vista a respeito do tema, essa carência de empatia seja resolvida. Por esse motivo, buscando suprir essa carência, eu indicaria alguns livros para a jornalista fazer um contraponto e conhecer o outro lado dessa moeda e, assim, praticar o exercício da empatia, tão necessários quando decidimos escrever sobre um assunto delicado: Um amor conquistado: o mito do amor materno, da Elisabeth Badinter; Mães arrependidas: uma outra visão da maternidade, da Orna Donath; Sem filhos: 40 razões para você não ter, escrito por uma mãe – a Corinne Maier; e Maternidade: um romance, da Sheila Heti. Além disso, existem muitos blogs, canais no YouTube e perfis e páginas nas redes sociais (como o Sem Filhos), idealizados tanto por mães quanto por pessoas maduras e sem filhos, que estão prestando um importante serviço social à atual geração, ao desromantizar a maternidade e desmentir a necessidade de se ter filhos para ter uma vida plena, feliz e repleta de significados. A vida é muito mais do que isso.
“É como se o centro da vida deixasse de ser nosso próprio umbigo e passássemos a orbitar em torno do filho, que é mais frágil e precisa de proteção, orientação e carinho. Só por causa disso, o mundo fica melhor.”
Sabe como que o mundo seria melhor? Com menos desigualdades sociais, com menos violência, com menos opressão e com menos machismo. Isso, pra mim, são coisas que tornariam o mundo melhor. Filhos não tornam o mundo melhor; mas respeito, sim! Começando pelo respeito a quem não sente a menor afinidade com esse tipo efusivo de comentário romantizado, que chega a beirar a falsidade. Eu, como mulher completa que sou (mesmo sem viver a maternidade – porque, veja bem, não preciso dela para me sentir plena), realmente lamento muito o teor desse texto, pois ele irá atingir em cheio pessoas que acham que só existe um caminho possível para a evolução pessoal e, assim, projetarão em seus futuros filhos expectativas desesperadas de taparem o buraco do seu vazio existencial. A vida tem que fazer sentido com ou sem filhos – o que não tem nenhum cabimento é incentivar as pessoas a se reproduzirem para buscar um propósito para suas vidas. Tal afirmação, além de perigosa, é totalmente irresponsável e descabida.
Em contrapartida, existe – felizmente! – um grande movimento atual que vai no sentido oposto ao da referida matéria, que incentiva as pessoas buscarem o autoconhecimento e realização íntima em si mesmas, ressignificando conceitos de felicidade e plenitude. Nesse aspecto, a Cristina errou feio, errou rude, uma vez que suas afirmações parecem estar baseadas única e exclusivamente na sua experiência pessoal, desconsiderando a complexidade, as dificuldades impostas pela pobreza e a subjetividade humanas de pessoas que, diferente dela, podem ter experiências bem ruins criando seus filhos. É por conta de afirmações genéricas como essas que muitas pessoas, ao não sentirem essa satisfação descrita no seu texto, muitas vezes, frustram-se, e afundam-se ainda mais na sua depressão, podendo até cometer suicídio, pois acreditam que elas não são boas o suficiente para seus filhos ou para o mundo. Aliás, importante tocar neste assunto, já que estamos em setembro – mês de prevenção ao suicídio.
Depois, ela conta que resolveu escrever sobre esse assunto após ler uma matéria contendo o relato de uma mãe australiana que teria sido verbalmente agredida na rua enquanto passeava com seus três filhos. A mãe em questão sofreu uma violência simbólica de um homem – possivelmente um childfree radical – tendo sido chamada de “louca” por colocar mais seres humanos no mundo para serem “vítimas do capital”. Aqui talvez seja o único ponto de concordância meu com essa matéria da Gazeta: desrespeito à liberdade e aos direitos reprodutivos é algo inaceitável. Eu condeno o radicalismo em todas as circunstâncias, mesmo de quem defenda as mesmas ideias que eu. Mas se as pessoas que têm filhos não gostam de ser criticadas e consideram isso ofensivo e agressivo, por que julgam tanto quem tem uma visão diferente da sua?
Acho engraçado como nesse assunto parece sempre haver dois pesos e duas medidas. Se eu sou contra o desrespeito em qualquer situação, então eu não devo espalhar conteúdos agressivos e desrespeitosos. Mas se alguém responde com hostilidade quando suas ideologias são postas em cheque, o respeito que ela defende é bastante seletivo – e não incondicional. É como se houvesse uma espécie de licença poética para cometer o mesmo erro com o grupo de onde, teoricamente, partiu o ataque. E é exatamente isso que a Cristina Graeml pratica em seu texto, quando opta por publicizar somente uma imagem estereotipada de quem opta por não ter filhos.
Mais adiante, a colunista critica quem faz essa opção pensando no dinheiro:
“Em pesquisas feitas em vários lugares do mundo, um percentual muito grande dos jovens diz que filhos iriam atrapalhar os planos de ganhar dinheiro, desenvolver uma carreira de sucesso e ficar rico. São projetos de vida focados apenas no capital financeiro.”
Eu, pessoalmente, não acredito que uma pessoa que realmente veja a ideia de ter filhos como parte de um projeto prioritário de sua vida vá desistir desse sonho por conta dos gastos que isso representa. Mas a Cristina parece ignorar a possibilidade de alguém não possuir os mesmos sonhos que ela. Eu, por exemplo, possuo um objetivo muito mais “caro” (financeiramente falando) do que educar outro ser humano, e nem por isso penso em desistir dele. É um sonho que pretendo realizar, custe o que custar. Por outro lado, há muita gente que, de fato, não tem filhos porque optou por priorizar a carreira, mas dedica-se a usar parte do dinheiro que ganha para ajudar comunidades vulneráveis através da filantropia. Além disso, não ter filhos não significa não ter família. Há muitas famílias estáveis e felizes compostas por apenas duas pessoas. Mas, e se alguém não quiser nem uma coisa nem outra? Creio que abrir mão de filhos para priorizar o capital financeiro não seja um desvio de caráter, mas isso só se torna um ponto relevante para pessoas cujo desejo, vocação e prioridades não incluem filhos. Então o que a jornalista desconsidera, na verdade, são os sentimentos de quem acaba se vendo obrigado a dar um tipo de justificativa “palpável” àqueles que não conseguem aceitar uma ideia diferente da sua. Eu mesma já mencionei esse motivo na minha lista de razões para não ter filhos, mas sei que nem todo o dinheiro do mundo na minha conta bancária me faria sentir o desejo genuíno de ser mãe, porque nunca foi meu sonho.
“Vasculhei outros veículos de imprensa, blogs e os comentários que os jovens fazem nas matérias quando o assunto abordado é esse. Há uma lista meio recorrente de justificativas para não querer deixar descendentes. Muitos dizem não querer “fabricar novos poluidores” ou “novos tiranos do planeta” ou “novas vítimas de injustiças”. É um discurso derrotista e vitimista. Derrotista, porque pressupõe que não há solução para os problemas do mundo. E vitimista, porque quem diz essas coisas está jogando toda a culpa das mazelas atuais nas gerações passadas, como se só os mais velhos fossem responsáveis por poluição, pelos excessos do capitalismo que geram injustiças, e até por governos tiranos.”
Aqui, além de ela desqualificar as razões de outras pessoas que não querem ter filhos, ela menospreza a atual situação do planeta. Veja bem, Cristina, se você está indiferente aos problemas ambientais do mundo e acha que teus filhos não irão sofrer com as consequências do aquecimento global, falta de água potável e qualidade baixa do oxigênio, entendo e respeito sua opinião, mas acho que você também poderia começar a respeitar quem opta por “não colocar mais gente no mundo para sofrer”. A questão é que as pessoas podem ter visões diferentes acerca de um mesmo problema e isso não é nenhuma aberração. Aberração seria querer forçar um mundo em que todos devem viver da mesma forma, pensar igual e sentir prazer e satisfação a partir das mesmas experiências – incluindo aí, ter filhos.
“Outra série de justificativas recorrentes entre jovens e adultos convictos a não ter filhos também é bastante preocupante, porque carrega uma carga enorme de egoísmo, individualismo e falta de altruísmo, que é justamente olhar para o próximo, sem considerar interesses particulares – algo essencial para a evolução humana.”
Curiosamente, na semana passada, eu publiquei um texto inteirinho explicando por que não querer filhos não pode ser visto como egoísmo. Ao final do texto, eu concluo que esse tipo de ataque (sim, é um ataque, e bem agressivo) diz muito mais sobre quem está falando do que sobre quem está sendo dirigida a crítica, pois se essas pessoas sentem-se no direito de constranger e desqualificar os sentimentos de alguém com relação a algo (o não desejo de ser pai ou mãe, por exemplo), tentando impor a sua verdade sobre a de outrem, então essa pessoa está praticando justamente aquilo que veio criticar. Quando uma pessoa acusa outra de egoísmo, só pelo fato desta não querer ter filhos, ela desrespeita, desqualifica, constrange e rebaixa as razões e os sentimentos do próximo. No final das contas, o acusador é quem está sendo o único egoísta, pois julga que sua verdade tem mais valor, e desconsidera totalmente a subjetividade da experiência humana.
“Que viagem, balada, promoção profissional ou quantia em dinheiro permite explorar as profundezas do amor incondicional ou a capacidade de abnegação plena? Filhos não são só a ordem natural da vida, mas a chance de evolução humana.”
Aqui, além de ela apelar para o velho clichê do “amor incondicional” (incondicional pra quem? Isabela Nardoni e Bernardo Boldrini discordam disso!), a jornalista também insinua que quem não quer ter filhos leva uma vida fútil e vazia, regada a dinheiro e “balada”, deixando passar o bonde da evolução humana (atenção! é a sua única chance de evoluir!). Como se não bastasse, ela ainda tenta forçar a barra com um argumento medieval (beirando o discurso religioso) de que “filhos são a ordem natural da vida”. Em seguida, entra em contradição, ao falar sobre evolução humana – que evolução humana é essa que desconsidera a existência e evolução do cérebro? Usar este órgão maravilhoso para pensar e questionar “a ordem natural da vida” pressupõe liberdade de pensamento e de escolhas. Filhos não são um destino ou uma obrigação, são uma opção, e quem tem um cérebro evoluído pode escolher se quer tê-los ou não, de acordo com seus objetivos de vida – e as pessoas deveriam poder fazer isso sem serem julgadas por essa escolha.
“Não estou querendo julgar pessoas que não querem ter filhos […].”
Esse trecho seria trágico se não fosse cômico. Vamos recapitular: a Cristina falou, ao longo nesse texto, entre várias outras barbaridades, que “quem não tem filhos só pensa no dinheiro”, é “derrotista, vitimista, egoísta, individualista, privado de altruísmo”, além de pessoas fúteis, que só pensam em viagens, baladas, promoções profissionais e dinheiro (para bom entendedor, meia palavra basta). Depois de jogar esse monte de chorume em forma de texto para os leitores da Gazeta do Povo, ela lança o famoso: “mas não estou querendo julgar pessoas que não querem ter filhos”. Cristina, o que você mais fez nesse texto foi julgar. E você fez as vezes de juiz somente a partir da ótica da sua experiência pessoal. Além disso ser egoísta, é muito superficial.
Querem ver??
“O discurso é até repetitivo: filho dá despesa, dá trabalho demais, dá preocupação, tira a liberdade. Para quem tem filhos dói ouvir isso, porque a maternidade ou paternidade são uma experiência única, de ganhos muito maiores que essa lista infindável de aparentes perdas.”
Parece que a jornalista se machuca e se ofende com as escolhas alheias, mesmo que ninguém tenha tentado fazer ela mudar de ideia (afinal, nós é quem somos sempre convocados a dar justificativas sobre nossa decisão e não o contrário). Em seguida, ela descreve sua trajetória maravilhosa pelo mundo cor-de-rosa e mágico da maternidade. Bem, mais uma vez, essa é a perspectiva pessoal, de quem está relatando, e não representa a totalidade. Todas essas afirmações de que os ganhos são maiores do que as “aparentes perdas” são baseadas nas verdades da jornalista, não são uma verdade absoluta e inquestionável. Refletem apenas uma pequena parte da vida de uma pessoa – ou quando muito de um grupo de pessoas que se identifiquem com sua história – , e de sua experimentação da maternidade. Como eu já disse: a colunista ignorou totalmente um dos princípios da natureza humana, que é a subjetividade. A mesma vida que alguém leva e que a faz muito feliz e satisfeita pode ser uma experiência extremamente traumática e frustrante para outra pessoa.
Agora, um tech-a-tech: saia um pouco da sua bolha, Cristina. Permita-se ter uma visão mais ampla e crítica da sociedade. Reconheça que as pessoas não são iguais – e não devem ser iguais. Existem, sim, muitas pessoas que LAMENTAM PROFUNDAMENTE terem tido filhos (use seu alcance da Gazeta do Povo para dar voz a pessoas que são infelizes nessa função, garantindo-lhes o anonimato, e irá se surpreender), só que essa gente é calada por discursos robotizados e cheios de generalizações como esse que você publicou no dia 21. Quem não se sente como você em relação aos filhos, frustra-se e cala-se – porque parece, inclusive, que é proibido às pessoas (especialmente às mães) ter outro tipo de sentimento em relação à sua prole.
Agora, se os motivos que as pessoas apontam para não ter filhos te incomodam tanto assim, eu recomendo terapia, porque a afirmação “dói ouvir isso” diz muito mais sobre você do que sobre quem você dirige suas criticas. Afinal, incomodar-se e preocupar-se tanto com algo que não lhe diz respeito e não afeta em absolutamente nada a sua vida, do ponto de vista psiquiátrico, é muito mais preocupante do que um possível “colapso no sistema previdenciário”, o qual a você também menciona como uma das razões pelas quais as pessoas deveriam reconsiderar ter filhos.
Ora, Cristina: ter filhos para evitar um colapso no sistema previdenciário (ou seja, garantir sua aposentadoria e sua tranquilidade financeira na velhice) não seria muito mais egoísta do que não tê-los? E também me parece uma incoerência bem grande, afinal, para quem criticou tanto quem só pensa no lado financeiro de se ter filhos…
Excelente reflexão, Patrícia. Eu sou mãe, amo minha filha, mas não romantizo a maternidade. Pois isso só reforça uma estrutura social machista e patriarcal, que muitas pessoas insistem em conservar. A realidade da maternidade vai mto além desse ideal projetado por Cristina, e urge mais discussões sobre esse assunto, para que a maternidade seja realmente uma escolha individual e não uma imposição social pautada em crenças descabidas.
Arrasooouuuu!!! Estou nessa luta, e acredito que você também.
Você não concorda que, ao se tornar mãe, você evoluiu de forma que, sem sua filha, você não teria? Não acha que a responsabilidade de uma vida aos seus cuidados não te tornou melhor? Acha que seria a mesma sem filhos?
Não, se ela voltar não será para concordar! Nem todas podem ser como ela ou como a mestranda Alana Anijar, muito pelo contrário; e não é preciso um padrão!
Eu adorei tudo isso. Eu tenho uma espécie de tisteza quando vejo pais e filhos, mas respeito e não saio ofendendo ninguém por aí. Eu faço a minha parte como mulher em não gerar ninguém pra esse mundo e oriento que ainda tem o poder de escolha. Filho não é aluguel de carro, vc usa e depois devolve. Filho é coisa séria e se vc não tem cabeça, tempo e dinheiro pra ter um, faça uma gentileza ao mundo: Não tenha filhos e seja livre!!!!!!!!!
Ah, sua linda! <3
Obrigada pelo comentário, Kerbia.
Importante, também, que as pessoas entendam que muita gente pode ter cabeça, tempo e dinheiro e, mesmo assim, não desejar ter filhos. Algumas pessoas, infelizmente, ainda têm uma mentalidade rasa de que "se vc não tem paciência e for incapaz de dar amor, é melhor não ter" - eu posso ter isso tudo e ainda assim não querer - uma coisa não tem nada a ver com a outra, né? Pode ser uma escolha por um estilo de vida, simples.
Excelente resposta à matéria do jornal. Eu, que sou psicóloga, atendo dezenas de pacientes cujos problemas são na maioria originados de relações abusivas, negligentes ou da ausência dos pais. Se antes de ser psicóloga eu já não tinha uma visão romantizada de família e maternidade, agora menos ainda. Seria interessante se houvesse uma pesquisa (talvez haja) que mostrasse o percentual de pessoas que tiveram filhos com planejamento por classe social e quantos se consideravam despreparados para terem filhos quando os tiveram.
Eu não tenho filhos, por opção, e nunca tentei convencer nenhum paciente a fazer essa opção. Pelo contrário, os motivo a seguirem seus valores, com reflexão e planejamento. Indico livros, os preparo psicologicamente caso optem pela maternidade ou paternidade. E muitas pacientes jovens expressam a vontade de não terem filhos, o que eu também apoio. Cada um segue seus valores. Simples assim.
Perfeita resposta a esse texto tão infeliz e cheio de generalizações senso comum da jornalista. Aproveito para perguntar o que deu errado na teoria da Cristina de que as pessoas tem filhos e evoluem como seres humanos, quando vemos notícias como essa: https://www.hypeness.com.br/2020/11/crianca-morre-presa-dentro-de-carro-em-calor-de-33o-enquanto-casal-assiste-serie/
Francamente, 2020 e a gente tem que ler essas coisas!
Cristina: me poupe, se poupe, nos poupe da sua análise rasa e sem embasamento. Tem muita gente sem filhos que é decente, maravilhosa, ética e que contribui para um mundo melhor. E tem muita gente narcisista que tem filhos para deixar completamente negligenciados emocionalmente e/ou financeiramente só pra postar fotos deles no instagram com a legenda: “bênção de Deus”.
Todos os seres humanos têm direito a emitir suas experiências de vida e suas opiniões. Portanto, respeito é fundamental e todas, inclusive a Cristina, não devem ser rotuladas ou depreciadas por comentários sinceros. Sou mulher, mãe e tento há 4 anos e 6 meses exercer o direito de ser avó, mas o Poder Judiciário me nega. São direitos humanos fundamentais aviltados, mas ocorrem no “sigilo processual”. Enquanto debatem o direito de não ter filhos, eu apenas luto pelo direito de exercer a oportunidade que Deus, a natureza e as leis constitucionais me deram, mas o que é fato: A criança de atuais 4 anos e 6 meses de idade vive uma fraude, pois foi transformada em órfã de pai vivo, sem o seu direito ao convívio e proteção do genitor e avós, ignorando totalmente a verdade da existência de seus entes familiares paternos, excluídos ilegalmente da sua vida e sem nenhuma segurança jurídica para reverter essa crueldade. Em pleno século XXI, almejo o direito de ter princípios retrógrados, ultrapassados, mas que é a minha essência!
Para obter o respeito a Cristina deveria, primeiramente, respeitar os outros. Todas as pessoas merecem ter suas escolhas respeitadas, inclusive aquelas que optam por não ter filhos.
Eu escolhi não ter filhos e nem por isso eu saio por aí atacando as pessoas que fazem uma opção diferente da minha. Tampouco digo que colocar um filho em um mundo colapsado e repleto de problemas ambientais é um tremendo egoísmo. Acredito que isso deva estar na consciência de cada um, não cabe a mim julgar os outros e não cabe aos outros me julgar também.
Desejo boa sorte na sua luta e que você tenha seu direito respeitado. Seu relato apenas prova que nem todo mundo está preparado para cuidar de outro ser humano e que colocar uma criança no mundo é algo muito complexo, que requer muita responsabilidade. Portanto, não querer isso não pode, jamais, ser rotulado como egoísmo. Essa é a minha crítica à colunista, ela reforça um rótulo e um estereótipo que precisa começar a ser desconstruído socialmente.